Chavu’ot – Pentecostes

Quem é que não gosta de celebrar os aniversários? Com certeza o aniversário da igreja mundial de Jesus deve ser o Dia de Pentecostes quando o Espírito Santo transformou um grupo de discípulos receosos escondidos num grupo de santos que sacudiriam o mundo. Quantos crentes modernos gentios entendem que em verdade o Pentecostes é um festival judeu de significado profundo?

É tão fácil para os Gentios cristãos de esquecer que tanto Jesus como os Seus discípulos eram Judeus observantes. Jesus apresentou desafios radicais aos especialistas e tradicionalistas religiosos do Seu tempo, mas Ele declarou que nada do ensino de Deus no Antigo Testamento devia ser excluido ou quebrado. A Santa Ceia tão conhecida antes da Sua morte era uma celebração da ceia da Páscoa judia (seder) e lemos em outras partes do evangelho do João que Ele celebrou outras festas judias em Jerusalém.

Quando Deus libertou o Seu povo da escravidão em Egipto Ele estabeleceu uma aliança com eles, na qual Ele era o seu Rei e eles eram o Seu povo que devia obedecer a Suas leis e receber a Sua provisão e protecção. Deu-lhes um calendário que devia seguir, que deu ênfase em várias festas agriculturais mas também com significado espiritual. “Três vezes no ano todo o homem entre ti aparecerá perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher, na festa dos pães ázimos (Páscoa), e na festa das semanas (Chavu’ot, Pentecostes), e na festa dos tabernáculos (abrigos, Sucot).”(Deuteronómio 16:16) Depois da construcção do Templo em Jerusalém os homens celebravam estes três “festas de peregrinos” por subir a Jerusalém de qualquer lugar onde moravam.

Então, quê era que os Judeus celebravam ao Chavu’ot? E porquê chamavam-na a “Festa das Semanas?

Quando houverdes entrado na terra, que vos hei de dar, e fizerdes a sua colheita, então trareis um molho das primícias da vossa sega ao sacerdote; e ele moverá o molho perante o Senhor, para que sejais aceitos” (Levítico 23:10-11). Isto cumpria-se a Páscoa, na primavera, e o sacerdote abanava o molho (feixe) de cevada que amadurece antes do trigo. As primícias da colheita dos cereais do ano, em forma de molho de cevada, abanavam-se perante o Senhor em acção de agradecimento e celebração.

Depois para vós contareis desde o dia seguinte ao sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da oferta movida; sete semanas inteiras serão. Até ao dia seguinte ao sétimo sábado, contareis cinquenta dias; então oferecereis nova oferta de alimentos ao Senhor. Das vossas habitações trareis dois pães de movimento; de duas dízimas de farinha serão, levedados se cozerão; primícias são ao Senhor.” (Levítico 23:15-17) Esta festa era a Festa de Chavu’ot (sete Semanas). Quando os Judeus faziam as colheitas de trigo, deviam abanar perante o Senhor dois pães de trigo levedados e de alta qualidade. O Novo Testamento foi escrito em grego – e a palavra grega Pentecostes significa “cinquenta”.

Todos sabem que Deus deu-nos seis dias para trabalharmos e o sétimo dia, o sábado, para nos descansarmos, segundo o Seu padrão. O sétimo dia devia ser um dia de concentração em Deus e de celebrar o relacionamento único de aliança com Ele. Ao Chavu’ot vemos que os Judeus deviam celebrar a conclusão da sétima semana da colheita de cereais, um tipo de celebração dum “sábado” de semanas. Rodeados por pagãos que sacrificavam aos deuses e deusas de fertilidade e de clima para garantirem as colheitas, os Judeus deviam celebrar que Deus providencia a colheita para eles sem os seus próprios esforços religiosos.

Mais tarde os Judeus, já espalhados por muitas nações e sem possibilidade de trazer as suas ofertas de pão ao Templo em Jerusalém (antes da sua destruição) modificaram o ênfase de Chavu’ot a um outro momento importante da sua história. Por calcular com cuidado as datas escritas em Êxodo, os sábios judeus calcularam que Deus deu a Torá (o Ensino, a Lei) a Moisés no Monte de Sinai no dia 6 de Sivan (calendário hebreu), o mesmo dia designado para a Festa de Chavu’ot.

Jesus morreu e ressuscitou da morte na Festa judia de Páscoa, representando as primícias da grande colheita daqueles ressuscitados para a vida eterna no Céu. Morreu na Festa pascal de Pães Ázimos. O fermento representa o pecado, e enquanto os Judeus comiam pão sem fermento, Jesus, o Pão do Céu sem pecado, entregou-Se por nós na cruz.

Logo que Jesus foi ressuscitado Ele apareceu aos Seus discípulos e começou a fase nº. 2 do plano de Deus para a salvação do mundo. “assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós. E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.” (João 20:21-22) O Espírito Santo entrou neles, trazendo vida aos seus próprios espíritos, e fazendo deles as primícias da colheita judia e plenamente humana de almas que iam ao Céu.

Não obstante, “sendo visto por eles por espaço de quarenta dias, e falando das coisas concernentes ao reino de Deus” (Atos 1:3) o Jesus resscuscitado ficou com os Seus discípulos ainda mais quarenta dias depois da Páscoa, no período antes de Chavu’ot. Ele mandou que ficassem em Jerusalém e que não saissem logo para fazer a obra de Deus no mundo. “determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes. Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias.” (Atos 1:4-5).

Durante dez dias eles “perseveravam unanimemente em oração e súplicas” (Atos 1:14) e, sendo uns bons Judeus, prepararam-se para a Festa de Chavu’ot, a Festa da Colheita, a celebração de receber o Ensino de Deus no Monte de Sinai. As ruas de Jerusalém começaram a se encher com peregrinos judeus que visitavam o Templo vindos de todos os cantos do Império Romano e até além. O ar era eléctrico com emoção antes da celebração especial de como Deus tinha providenciado comida para os seus corpos (o trigo) e comida para as suas almas (a Torá, o Ensino de Deus).

Os discípulos nunca podiam ter imaginado qual género de colheita seria colhida naquele dia momentoso! Enquanto os sacerdotes abanavam os dois pães de trigo com fermento perante Deus, o Senhor não somente batizou os 120 discípulos congregados na sala em cima pelo Seu Espírito Santo, como Jesus tinha prometido em Actos 1:4-5, mas também entregou-lhes uma grande colheita espiritual de almas depois da pregação evangelística de Pedro inspirado pelo Espírito Santo: “e naquele dia agregaram-se quase três mil almas” (Atos 2:41). Peregrinos judeus de muitos paises ouviram o evangelho pregado e as maravilhas de Deus declaradas nas suas línguas da diáspora. O Espírito Santo abriu-lhes o coração e eles aceitaram Jesus recentemente crucificado e ressuscitado como o seu Senhor e Salvador.

Porquê Deus mandou que os sacerdotes abanassem dois pães com fermento perante Ele? Um pão devia representar os Judeus e o outro pão os Gentios. O fermento, representante do pecado, está presente em nós, mas regozijamos-nos no perdão que recebemos por confiar em Jesus como nosso substituto na cruz. A oferta de colheita de Chavu’ot era mais larga e mais inclusiva do que a oferta do molho de cevada na Páscoa.

Mas não eram Judeus todos aqueles crentes novos na Festa de Chavu’ot? A Bíblia ensina-nos que o evangelho vem primeiro aos Judeus e depois aos Gentios (Romanos 1:16). Pouco tempo depois do grupo de discípulos se expandir tão dramaticamente, Deus abriu os olhos dos discípulos judeus ao facto que Ele pretendia incluir os Gentios no Seu plano de salvação mundial. Ele explodiu o conceito estreito, nacionalisto e tradicional do Seu relacionamento com a humanidade (só aos Judeus) por enviar o Pedro atônito a pregar o evangelho a uma família romana (Atos 10), e um Paulo ainda mais atônito como o primeiro missionário às terras gentias.

Hoje em dia uma leitura bíblica importante de Chavu’ot no sinagoga é a história de Rute, a Gentia que abandonou o seu povo e a sua religião para ser absorvida na cultura judia. Era uma antepassada do Rei David e de Jesus. Judio e Gentio são unidos no livro de Rute quando a Gentia Rute reconhece o Deus de Israel e O aceita e o Seu povo como os seus também, e ela encontra o seu marido judeu na estação da colheita.

Enquanto os Judeus celebravam no Chavu’ot que Deus deu o Seu ensino a Moisés no Monte de Sinai, Deus cumpriu mais uma promessa que Ele lhes tinha falado séculos antes. “um espírito novo porei dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne; para que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os cumpram; e eles me serão por povo, e eu lhes serei por Deus.” (Ezequiel 11:19-20) Jesus tinha prometido que o Espírito Santo “vos guiará em toda a verdade” (João 16:13) e “vos ensinará todas as coisas” (João 14:26).

Durante os quarenta dias entre o momento quando Jesus assoprou o Espírito Santo nos espíritos os Seus discípulos para os vivificarem e a Sua partida ao Céu, os discípulos absorveram mais do Seu ensino do que ao longo dos três anos antes. Já o Espírito Santo facilitou que eles entendessem assuntos espirituais.

Contudo, no dia cinquenta, o dia de Chavu’ot, o Espírito Santo foi derramado sobre eles como fogo e eles receberam o poder e a autoridade de demostrar a Palavra de Deus, Jesus, ao mundo ao seu redor. No Monte de Sião os discípulos receberam uma transformação radical interior por Aquele que lhes seria professor e guia. Na mesma hora os Judeus tradicionais na cidade à sua volta celebravam os evenementos no Monte de Sinai quando Moisés recebeu o ensino de Deus em tábuas de pedra.

Chavu’ot – uma celebração de colheita de Judeu e Gentio, e uma nova liberdade de obedecer a Deus e trazer Jesus ao mundo com poder e autoridade.

Datas de Chavu’ot 2008 até 2018:

2008 – 9 Junho
2009 – 29 Maio
2010 – 19 Maio
2011 – 8 Junho
2012 – 27 Maio
2013 – 15 Maio
2014 – 4 Junho
2015 – 24 Maio
2016 – 12 Junho
2017 – 31 Maio
2018 – 20 Maio