Uma minoria oprimida, refugiada numa terra estrangeira. Um governador soberbo e autocrático. Um aristocrata antigamente ambicioso com um passado escondido duas vezes, exilado na pobreza. Recordações duma promessa de 430 anos atrás dado por um deus quase desconhecido a um antepassado morto já tantos anos. Genocida, assimilação, escravidão – todos são tentativas espirituais de assassinar um grupo étnico enfraquecido e desesperado que devia ser o meio dum plano de resgate inimaginável.
Todos os anos os judeus por todo o mundo congregam para a primeira das três festas de peregrino mandadas por Deus. Antes da destruição do Templo em Jerusalém pelos Romanos no ano 71 depois de Cristo os judeus em todas as terras costumavam obedecer a Deus e subir ao Templo para trazer ofertas de gratidão e louvor a Deus. Nas suas casas naqueles dias e hoje os judeus tem obedecido ao mandamento de Deus: “E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao Senhor; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo.” (Êxodo 12:14) “Três vezes no ano me celebrareis festa. A festa dos pães ázimos guardarás; sete dias comerás pães ázimos, como te tenho ordenado, ao tempo apontado no mês de Abibe; porque nele saíste do Egito; e ninguém apareça vazio perante mim” (Êxodo 23:14-15) “Estas são as solenidades do Senhor, as santas convocações que convocareis ao seu tempo determinado: no mês primeiro, aos catorze do mês, pela tarde, é a páscoa do Senhor. E aos quinze dias deste mês é a festa dos pães ázimos do Senhor; sete dias comereis pães ázimos. No primeiro dia tereis santa convocação; nenhum trabalho servil fareis; mas sete dias oferecereis oferta queimada ao Senhor; ao sétimo dia haverá santa convocação; nenhum trabalho servil fareis.” (Levítico 23:4-8)
Porquê celebrar no primeiro mês? Porquê comer pão sem fermento? Porquê descansar-se dos esforços diários, e porquê celebrar a Páscoa no crepúsculo?
“Então disse a Abraão: Sabes, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos, mas também eu julgarei a nação, à qual ela tem de servir, e depois sairá com grande riqueza.” (Génesis 15:13-14) Quando Deus selou a Sua aliança com Abraão, o antepassado dos judeus, por sangue, escuridão e fogo. Ele revelou o seu plano de longo prazo para o povo judeu. Ele avisou de sofrimento inevitável, mas garantiu a certeza duma saída feliz. Não teriam o poder de resgatar-se a si, mas Ele agiria em favor deles e ensinar ao mundo de não perseguir o Seu povo.
Deus tinha começado a Sua obra por tirar Abraão duma sociedade pagã e corrupta na Mesopotâmia e conduziu-o por uma longa viagem de perigos pelas terras que não conhecia à Terra Prometida do seu futuro e dos seus descendentes. Deus é um deus de repetição, mas sempre numa escala maior cada vez. O que Deus fez com um homem e a sua família, Deus garantiu de fazer com a nação dos seus descendentes. Deus “deu luz” a uma nova nação para representá-Lo a todo o mundo. “sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo” (Êxodo 19:5-6) Ele planeou um novo início, uma nova identidade, um novo papel para os judeus. Ele ordenou que começassem o seu calendário espiritual por um dia que marcava esta nova vida. Devia ser um dia de espanto por causa do Seu poder e amor, de alegria e de gratidão, de obediência deliberada a Ele. Quê maneira de começar o ano!
Nos sete dias imediatamente depois da refeição do cordeiro pascal os judeus devem comer pão ázimo, pão feito sem fermento. Logo depois da morte do cordeiro pascal para salvar as vidas dos membros de família escravizados em Egipto, eles começaram um período de obediência a Deus por evitar o fermento. “Escolhei e tomai vós cordeiros para vossas famílias, e sacrificai a páscoa. Então tomai um molho de hissopo, e molhai-o no sangue que estiver na bacia, e passai-o na verga da porta, e em ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia; porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã. Porque o Senhor passará para ferir aos egípcios, porém quando vir o sangue na verga da porta, e ambas as ombreiras, o Senhor passará aquela porta, e não deixará o destruidor entrar em vossas casas, para vos ferir. Portanto guardai isto por estatuto para vós, e para vossos filhos para sempre.” (Êxodo 12:21-24) A semana da Páscoa começa no momento quando um cordeiro entregue a sua vida para salvar as vidas dos membros de família. O sangue do cordeiro impede ao Destruidor de destruir os que obedecem a Deus e exibem o sangue onde todos podem vê-lo. O sangue não pode ser escondido nem esquecido. Deve ser visível e presente, senão as pessoas morrerão. Somente a obediência e a confiança causará que as pessoas exibam o sangue. Não poderão defender-se nem salvar-se pelos seus próprios esforços. O plano de Deus realizado na maneira de Deus será o único caminho à segurança.
1,500 anos mais tarde um profeta judeu do deserto exclamou: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1:29) Ele olhava ao seu primo, Jesus de Nazaré, uma parte de Deus encarnado. Uns anos depois, no dia da Páscoa em Jerusalém, Jesus lançou um novo momento pascal. “E tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós.” (Lucas 22:19-20)
Em Egipto Deus tinha realizado um plano de resgate físico e uma nação física. Em Jerusalém Deus lançou um plano de resgate espiritual e uma nação espiritual. Tal como os judeus deviam evitar o fermento nos dias depois de que o sangue do cordeiro os tinha salvado duma morte física, assim devemos evitar o fermento de pecado depois de confiarmos no sangue do Cordeiro que nos salva da morte espiritual.
Na Bíblia, o fermento representa o pecado. O fermento faz a massa inchar e parecer mais alto do que é na verdade. Faz atractivo o pão e fácil a comer. Estende-se invisivelmente por toda a massa, infectando-a pela sua presença transformadora. O pecado também estende pela sociedade, transformando-a, infectando-a. Traz decepção e ilusão e faz mais saboroso e fácil a engolir. “A limpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós. Por isso façamos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade.” (1 Coríntios 5:7-8). Quando confiamos no sangue do Cordeiro de Páscoa de Deus, Jesus, e começamos a nossa vida espiritual como membro da Sua nação espiritual, devemos decidir de deixar atrás o pecado da nossa vida antiga.
Os pães ázimos são feitos de farinha de trigo e água, misturados e estendidos sobre um tabuleiro de forno. Para assegurar que os pães ázimos não se levantam no calor do forno, os judeus que os cozem enrolam um instrumento sobre eles que os fura de lado a lado em linhas de muitos buraquinhos. Em Lucas 22:19 Jesus declarou que o pão ázimo representava o Seu corpo. Foi furado na cruz. Ele foi declarado como sem pecado, até pelos Seus inimigos. “Levando ele mesmo em seu corpo os nosos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.” (1 Pedro 2:24) Quando Jesus ergueu um pão ázimo na Sua última ceia pascal com os discípulos, Ele deve ter olhado aos buraquinhos e linhas no pão ázimo, sabendo que o Seu corpo seria em breve uma imitação sangrenta do pão pascal ordenado por Deus.
Para marcar o primeiro e ultimo dia da semana de festa Deus mandou os judeus de cessar de todo o trabalho, como num sábado. Apesar de estarem no ponto de ser testemunhas da última e mais horrífica praga de todos sobre os que se opunham a Deus em Egipto, e estarem no ponto de preparar todos os seus bens para fugir além da fronteira, eles deviam descansar completamente de cada forma de trabalho. Devia ser um tempo de deixar atrás o mundo e olhar a Deus. Deviam absorver o facto que nenhuma acção, nenhum esforço seu convenceria a Faraó de os soltar. Não tinham nenhum poder próprio para mudar a situação e libertar-se da escravidão. Desde aquele dia eles deviam lembrar-se que era a decisão e o poder de Deus que operava no seu favor. Deviam celebrar anualmente que existe como um povo, um povo livre, graças a um Deus todo-amoroso e todo-poderoso. “Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores. Portanto desci para livrá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir daquela terra, a uma terra boa e larga” (Êxodo 3:7-8) O seu acto de descanso de propósito contrasta com o acto de Deus de poder de propósito.
Igualmente, não temos nenhum poder nosso de fugir da garra do pecado e de Satanás. A nossa única esperança é de confiar completamente na obediência a Deus e no Seu acto de sacrifício de sangue para libertar-nos. “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)… Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.” (Efésios 2:4-5, 8-9) Ninguém é capaz de purificar-se do pecado. Ninguém tem poder de derrotar o poder de Satanás. Ninguém pode pagar o preço da sua redenção. Só Deus pode fazer este grande milagre de libertação por nós. Abandonamos o nosso próprio esforço e recorremos a confiar nEle. Deixamo-Lo operar o Seu poder na maneira que Ele escolheu.
Os cordeiros pascais deviam ser sacrificados, assados e comidos na hora do crepúsculo – aquela hora indeterminada entre a luz e a escuridão, o dia e a noite, o dia e o dia. Os dias judeus começam ao anoitecer, baseado em Génesis capítulo 1: “e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.” (Génesis 1:4-5) O cordeiro pascal devia ser sacrificado e o seu sangue pintado nas ombreiras e na verga da porta na hora de transição dum dia ao próximo. Marcou o fim dum “dia” de escravidão e opressão, e o início dum novo “dia” de liberdade e de alegria. Foi matado ao fim do dia de trabalho e ao início dum período de horas de descanso sem trabalho e de paz e companhia. Morreu numa hora quando a visibilidade é reduzida, quase fora da vista pública, longe do brilho do sol quente da tarde. Na monte de execução fora das muralhas de Jerusalém 1.500 anos mais tarde o Cordeiro Pascal de Deus foi sacrificado para oferecer-nos um novo início. “E desde a hora sexta houve trevas sobre toda a terra até a hora nona.” (Mateus 27:45) O horário romano começou às 6 horas da manhã – então a sexta hora é meio-dia. Jesus derramou o Seu sangue na cruz nas trevas dum crepúsculo não natural. Deus recreava o momento pascal original.
A nossa obediência a Deus deve ser genuína e sincera, e não duma vontade de ser visto pelos outros. “E, quando orares, não sejam como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.” (Mateus 6:5-6)
A Páscoa era o momento quando uma nova nação chegou à luz no mundo. A Páscoa celebrava o amor e o poder de Deus combinados com a confiança e obediência do homem. Um milagre de libertação explodiu no Médio Oriente e tem reverberado por todo o mundo nos 3.500 anos seguintes. A Páscoa festeja-se em cada lar judeu por todos os séculos, em obediência ao mandamento de Deus. Os judeus mesmos são uma evidência visível e física da presença, do poder e plano de Deus.
Mas tudo isto não era suficiente! Deus ofereceu a cada um de nós a possibilidade de entrar num momento pascal. Na Sua forma física de Jesus na terra Ele repetiu o acto de Páscoa não somente como um judeu com discípulos judeus numa festa judia, mas como um pão ázimo furado e quebrado e como um Cordeiro perfeito na cruz no crepúsculo. Ele atende o clamor daqueles que querem fugir da escravidão de pecado e liberta-os.
Confesse-Lhe o seu estado pecaminoso. Convide-O de entrar dentro de você e de purificá-lo. Convide-O de ser o Senhor na sua vida e de ajudá-lo a começar numa nova vida de liberdade espiritual na Sua companhia. Você pode celebrar o seu próprio momento pascal agora mesmo!.